Eles precisam do meu calor!

Estava assistindo um novo seriado no Netflix e lá uma escritora de contos infantis escreveu a seguinte história:

"Era uma vez uma mãe que fazia o possível para alimentar seu filho, dava tudo o que ele precisava, trabalhava para sempre conseguir dar mais e mais. Certo dia teve uma seca na cidade, cada vez mais os alimentos ficavam escassos. Por mais que trabalhasse seu dinheiro não era suficiente, deixou de comer pra alimentar seu filho. Ficou fraca, estava doente e perguntou para seu filho, o que ela podia fazer pra salvar ele. O filho se aproximou da mãe, colocou a mão dela em seu rosto, sentiu o toque e disse: - Mãe, não sabia que sua mão era tão quentinha." (Fiz uma adaptação da história)

Fiquei refletindo sobre o conto. A gente dá comida, dá brinquedos, dá cuidados gerais, mas o que eles mais precisam mesmo é do nosso calor, pois talvez isso faça diferença na vida deles. Qualquer um pode oferecer qualquer cuidado, mas o calor materno só a mãe é quem pode oferecer. Essa mãe, às vezes é um pai, uma vó, uma tia, tanto faz, só quem pode saber é a pessoa que sente o afeto.

Muitos crescem sem esse afeto e vivem a vida buscando algo. Se tornam adultos e não sabem o que procuram. Vivem afogados nas suas angústias sem saber a razão, perguntam-se: "Se tenho de tudo, do que sinto falta?". Onde está a resposta? Será que no afeto deixado de lado, aquele calor do abraço que só uma mãe pode oferecer. 

Com essa vida que levamos, corre corre do dia a dia, não priorizamos esse afeto. Todas as "tarefas" diárias foram cumpridas, então está tudo bem, não resta mais nada a fazer. Muitos, sem perceber, conseguem dar o afeto ao colocar o filho pra domir, quando ficam ali, juntinhos, cantando, contando uma história ou até mesmo em silêncio, ouvindo o som da respiração. Mas, até esses momentos, querem tirar de nós, pais, com tantas técnicas para colocar a criança pra dormir "mais rápido", para que não tenham o nosso apego. 

A falta desse calor, pode ser mascarada ao se eleger, na infância, uma pelúcia, um paninho ou algo que estará por perto quando precisar. Sentem o calor desses objetos frios e se iludem achando que está tudo resolvido. Crescem e continuam buscando. O quê? Não sabem, mas buscam, alguns encontram e outros passam a vida tentando e desistem.

Quem recebeu esse calor materno, terá mais facilidade de dar para alguém lá na frente, pois vai saber exatamente o que o outro sente falta. Penso que esse calor pode preencher uma parte oca, que quando nos sentimos cheios, estamos prontos para seguir uma vida, prontos pra distribuir calor para mundo. Tem gente que consegue passar o calor com um simples olhar. Aquele que quando miramos, sentimos como um abraço na alma.

O que tenho percebido, ao dar mais afeto aos meninos, foi uma mudança de comportamento, uma confiança deles em mim e neles mesmo. Como se tudo fosse se ajustando. Até mesmo quando me chamam na madrugada, em um momento de pesadelos, rapidamente o coração acelerado vai desacelerando. A face triste vai ficando serena e sono volta a ficar tranquilo. Um simples toque na cabeça e a mágica acontece, tudo se resolve, os piores pesadelos se evaporam. Assim noto o poder do meu afeto. E agora que tenho consciência disso, a escolha é minha e faço a minha parte, pois isso está sob meu controle. Mesmo sabendo que não posso controlar o rumo que a vida vai me levar.

0 Comentários